Informática a bordo para gestão à distância
Jornal Público, Suplemento Computadores
Tecmic desenvolve soluções para frotas e equipamentos.
Quem costuma andar de autocarro em Lisboa já terá reparado que algumas paragens, nomeadamente no centro da cidade, dispõem de um painel electrónico que informa sobre a hora de passagem do próximo autocarro. Assim, os utentes ficam a saber quanto tempo vão esperar e fazer contas à sua vida. Isto é possível porque a Carris começou, há dois anos a instalar um sistema de gestão de frotas para transportes públicos de passageiros, XTraN Passenger, desenvolvido e comercializado pela Tecmic, Tecnologias de Microelectrónica, empresa portuguesa especializada na produção de soluções (equipamento e “software”) para a gestão de frotas, de equipamentos remotos e de acessos. A operadora de transportes públicos de Lisboa transformou-se , aliás, num “case study” internacional dadas as características do sistema instalado. (…)
Segundo José Maria Moniz, administrador delegado da Tecmic, o XTraN Passenger é, além disso, um sistema “único no mundo”, já que as comunicações funcionam sobre uma rede Tetra de comunicações (Terrestrial Trunked Radio) ou de rádio “trunking” digital – instalada pela Radiomóvel, que, com, com a Tecmic e a Efacec, integra o consórcio formado para este concurso lançado pela Carris.(…)
Sem deixar de realçar o papel da sua equipa comercial, José Maria Moniz gaba a equipa de engenheiros da Tecmic, “altamente competentes e capazes de responder às necessidades dos clientes”. Os produtos são, aliás, configurados em função de aquilo que o mercado pede, sublinha Fernando Moreira, fundador da Tecmic e Presidente do seu Conselho de Administração. Outro dos factores de sucesso são o investimento de um quinto da facturação em pesquisa e desenvolvimento , e uma rede de 20 parceiros comerciais, de desenvolvimento ou integradores de sistemas, que lhe permitem a entrega de soluções integradas.
Além da Carris, cliente da versão Passenger, optaram pelo XTraN entidades como a Transportes Luís Simões, os CTT – Correios e Telecomunicações de Portugal, a Portugal Telecom, o Banco de Portugal ou os municípios de Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Fafe e Vieira do Minho, que o usam na gestão dos seus serviços de resolha de resíduos sólidos.
No caso dos CTT, o XTraN equipa toda a frota do serviço de entregas a nível nacional, com informação em tempo real sobre a sua localização e sobre as encomendas entregues e por entregar. Os CTT são também clientes de outro produto da Tecmic, o Simor, destinado à monitorização remota e telemetria de equipamentos, como as máquinas de venda automática (…)
No ano passado o volume de negócios da Tecmic duplicou (face a 2000) , aproximando-se a dos 2,5 milhões de euros, com o XTraN e o XTraN Passenger a assegurarem mais de 50 por cento dessa facturação. (…)
Outra área de negócio importantíssima – ligada à génese da Tecmic – é a do desenvolvimento e comercialização de circuitos integrados de aplicação específica (os chamados ASIC, na sigla inglesa). A Tecmic nasceu em 1988 no seio da Aitec, “ninho” de empresas ligado ao Inesc e um dos maiores grupos de tecnologias de informação portugueses. A Aitec detinha 4,5 por cento da empresa (limitada) e os restantes 52,5 por cento pertenciam a um conjunto de seis sócios, entre os quais Fernando Moreira, Gabriel Saragoça (trabalhador da Tecmic desde o início e também membro da administração). Trabalhavam em ASIC no Inesc, sob a orientação do Prof. Luís Vidigal (já falecido), que apadrinhou a saída daquela actividade do Inesc para a Tecmic, contou a Computadores Fernando Moreira.(…)
Por isso, a Tecmic reorientou-se para a gestão outras áreas de negócio. Passou a ser uma sociedade anónima, em Junho de 1993, aumentou o seu capital social para 25 mil contos (tendo então alguns sócios saído) e as dificuldades foram sendo ultrapassadas. Em 2001, o BPI adquiriu uma participação de 24,5 por cento e o capital social voltou a ser reforçado (para 231 mil contos). Hoje, a Aitec detém 65 por cento da Tecmic, mantendo-se ainda três sócios individuais.(…)