Informática embarcada – Radiografia de todas as operações
Revista Logística Moderna
O Grupo Luís Simões (GLS) tem em curso um projecto inovador de gestão global de transporte do transporte de mercadorias que lhe vai permitir conhecer e gerir integralmente e em tempo real todas as operações de transporte e logística, o que representa um investimento global de 2,5 milhões de euros. O parceiro escolhido pelo GLS foi a TECMIC que deste modo implementa a nova versão do XTraN no líder nacional do transporte rodoviário de mercadorias.
O XTraN integra-se no sistema de informação geral da empresa, permitindo a ligação de todos os agentes e documentos envolvidos na actividade (ver logística nº 1, pág. 29) e com a introdução deste sistema na sua frota, tanto na própria como na subcontratada, o GLS visa a diminuição dos custos e a optimização do seu sistema de “back-office”, reforçando a sua já reconhecida liderança nos fluxos de transporte na Península Ibérica.
Para além da informática embarcada em todas as viaturas do grupo, processo que deverá estar concluído no final de Janeiro de 2003, no armazém do Carregado (30 mil metros quadrados) também foi implementado o projecto de radiofrequência e “hoje temos uma traçabilidade completa de toda a mercadoria que nos é confiada antes mesmo desta entrar nos nossos armazéns e até ao momento em que a entregamos no cliente final”, revela Costa Faria, responsável pela direcção de desenvolvimento comercial do GLS, esclarecendo também que “é a integração da tecnologia de radiofrequência do armazém com o sistema de informática que implementamos nos veículos que nos permite ter a traçabilidade electrónica completa de tudo o que nos é confiado até ao momento em que fazemos as entregas aos destinatários das mercadorias”.
Tudo no armazém é gerido por sistemas de informação e a implementação da radiofrequência ” permite-nos optimizar percursos e tempo de operação em armazém, para além de um controlo total dos produtos em armazém e na estrada”. Para o futuro, que se antevê próximo, fica a criação de um portal em que todos os processos de interacção com os clientes se processarão electronicamente.
O projecto ” Informática Embarcada” consiste num sistema que integra a localização automática de veículos, mas não só: também as telecomunicações, a electrónica e a informática e ” trata-se de um projecto complexo porque agrega diversas Tecnologias que têm de comunicar entre si”, explica Costa Faria.
O mesmo responsável esclarece que deste modo é possível ” conhecer em tempo útil a condição e a localização dos veículos e mercadorias, monotorizar rotas de distribuição e estabelecer imediatamente e comunicação bidireccional de voz e dados entre as viaturas e os centros de coordenação operacional do Grupo, espalhados por toda a Península Ibérica”.
Operações no Microscópio
O sistema consiste numa antena de GPS, numa formula de transmissão de dados GSM para os centros de operações do Grupo e um computador que é, no fundo, o “cérebro” que faz com que a informação seja recolhida, tratada, gerida e disseminada para os diversos interesses.
Em termos de funcionalidades, Costa Faria avança com algumas:” possibilidade de identificar a cada passo quem está a conduzir; a viatura conduzida e o seu posicionamento; o controle de cada um dos documentos de transporte das mercadorias que vão dentro das viaturas; controle de abastecimento de combustível; controle de temperatura, que permite saber em operações de temperatura controladas se as temperaturas dentro do veículo estão dentro do previsto e quando tal não acontece o alarme é dado à central; o tacógrafo que já é hoje o instrumento que rege, coordena e controla a actividade do motorista e cujos dados são exportados para esta aplicação que é depois gerida pelos nossos sistemas de gestão de operações; a consola do motorista e o computador embarcado dos camiões, que é o ” coração” de todo o sistema”.
A primeira grande funcionalidade do sistema é a localização, ao permitir saber ao instante se as viaturas estão em movimento, em repouso, em manutenção, em carga ou descarga. A monitorização das rotas é outra das funções relevantes e que permite seleccionar viatura por viatura, viagem a viagem, fazer a monitorização completa das rotas desde a origem ao destino, que no caso GLS corresponde a uma média de 800/900 pedidos por dia. A terceira grande funcionalidade é o histórico de eventos, “que nos coloca a disposição um manancial precioso de informações sobre tudo o que tem a haver com a nossa actividade e operações: actividade logística, tempos de condução, tempos de paragem, tempos de operação de carga e descarga, consumos de combustível, velocidades médias”, refere o mesmo responsável.
Em transporte e em logística, muito mais importante do que aquilo que corre bem- porque o que se espera é que as operações decorram normalmente – é identificar e conhecer o que falha.
Costa Faria sublinha que “a comunicação de anomalias é fundamental neste processo e, por isso, o sistema reage sempre que há uma anomalia, a comunicação é imediata e on- line, para se poder actuar. Por outro lado, permite fazer o ” track and trace” das encomendas, conhecer a sua posição exacta em tempo real e saber qual o seus ” status” a cada momento”
Associado ao transporte, de mercadorias ou não, está sempre o conceito de ida e volta. Para o futuro, Costa Faria avança com uma outra ideia:” acreditamos que os transportes têm que deixar de ser geridos em linha para passar a ser geridos cada vez mais em rede. O grande desafio que se coloca à às empresas de transporte é conseguir gerir motoristas em linha e fluxos em rede e nós estamos cada vez mais perto da realidade. Com esta ferramenta estamos obviamente a posicionarmo-nos na primeira linha para resolver adequadamente este problema”.
Preparar a Mudança
Depois de escolhida a solução, em Outubro de 2001, uma equipa exclusiva começou a trabalhar no projecto de informática embarcada. Nos centros de operações foi necessário um processo complexo de reengenharia organizacional, o que leva a que surjam sempre resistências à mudança. Antes de avançar com o projecto, o GLS preparou um plano de comunicação interna, adequado às mudanças que se propunham implementar. Costa Faria esclarece que ” o objectivo era que todos compreendessem e aceitassem o projecto, pois era muito mais fácil que as pessoas, nomeadamente os motoristas, pensassem que o processo serviria para controlá-los. E a ideia não era essa.
Estamos convencidos que até conseguimos uma actualização das suas funções e que este projecto faz subir no ranking da qualidade os motoristas do GLS”.
José Luís Simões, considera que a parte mais importante ainda está para vir, que é todo o trabalho pós implementação e que acontecerá nos próximos meses: ” enquanto elos da cadeia de abastecimento, é nossa preocupação acrescentar valor e estou convencido que a adopção desta ferramenta vem permitir que possamos fazer cada vez melhor”, realça, acrescentando que ” estamos a fazê-lo por considerarmos que é o único meio para estar de forma competitiva no negócio da logística e dos transportes no futuro”.José Maria Moniz, administrador delegado da TECMIC salienta que este projecto foi um trabalho de equipa, uma parceria, em que se aprenderam muitas coisas em conjunto. Só assim foi possível integrar neste projecto uma componente específica dos transportadores e uma série de preocupações que o GLS tinha e que não estavam incluídas no produto ” e ainda bem que assim foi, porque aprendemos com o sector e sem dúvida que o produto foi francamente melhorado com os ” inputs” do cliente”.
O administrador delegado da TECMIC salienta que aproveitaram o abandono do XtraN 1 e o arranque do XtraN 2 ” para introduzir requisitos do Grupo Luís Simões, ” porque acreditamos que é uma empresa que sabe o que quer, que tem uma actividade centrada no serviço ao cliente e ao criarmos um produto que cobrisse as suas necessidades temos a certeza que criamos um produto que satisfaz as dos transportadores e operadores logísticos na generalidade e que se adapta às suas necessidades efectivas”.
O projecto adjudicado através de um concurso internacional, sendo que a TECMIC, com o XtraN no seu pacote sectorial para a Distribuição e Logística, foi a única empresa nacional à chegar a fase final deste concurso, com algumas das maiores empresas europeias deste sector.
A escolha foi feita com base nas potencialidades e qualidade do produto e da empresa e não tanto no facto de se tratar de uma empresa nacional. Não obstante, José Maria Moniz não esconde que ” para a TECMIC é uma mais-valia poder mostrar ao mercado que no GLS, que tem uma frota muito grande, o sistema funciona e que o produto escolhido pela empresa no concurso internacional foi o nosso”. Por outro lado, o sistema é feito normalmente para empresas mais pequenas e o facto do XtraN 2 ser lançado com um cliente com um sistema desta dimensão ” demonstra que é um produto testado nas condições mais difíceis”, finaliza José Maria Moniz.
Informática Embarcada
Gestão integrada de frotas
O Grupo Luís Simões (GLS) deverá concluir até ao fim de Março 2003 a integração do produto « Informática Embarcada » em toda a sua frota, permitindo a gestão integrada na operação de transporte e logística dos 1200 camiões.
O GLS apresentou o Sistema de Gestão de Frotas, inscrito no projecto « Informática Embarcada»,, que permite coordenar toda a sua operação de transporte e logística de mercadorias, transmitindo dados em tempo real entre as frotas de viaturas e os colaboradores da empresa. Este projecto envolveu um investimento de 2,5 milhões de euros.
Concebido em parceria com a TECMIC, este sistema, ao integrar Tecnologias de informática, electrónica e telecomunicações, permite conhecer, em tempo útil, a condição e a localização dos veículos e das cargas, monotorizar rotas e estabelecer a comunicação bidireccional entre qualquer um dos veículos e os centros de controle de operações.
A unidade XtraN, instalada no computador embarcado dos veículos, tem uma elevada capacidade de processamento e armazenamento da informação, sendo mesmo considerada « o coração do sistema ». Não só melhora o aproveitamento dos recursos, assegurando a regularidade dos horários e informando o condutor, como também aumenta a segurança a bordo e garante uma importante redução dos custos de exploração. « Esta aplicação funciona como um verdadeiro interface dinâmico entre os centros de comando », afirmou José Luís Simões, presidente do GLS.
Relativamente ao software e comunicações, o sistema inclui uma base cartográfica actual e completa e a parametrização de 70 ocorrências prováveis que poderão ocorrer nos veículos, permitindo o planeamento das acções de manutenção preventiva.
Gerir fluxos em rede
De acordo com José Luís Simões, as vantagens para os clientes são muitas. «Desde o posicionamento e o controlo das suas mercadorias ao registo do histórico das entregas, tudo está desenvolvido de forma a garantir a segurança das mercadorias transportadas».
Gerir motoristas em linha e fluxos em rede é, actualmente, o grande desafio que se coloca às empresas de transporte. Neste sentido, o GLS garante que, com esta aplicação, se posiciona na primeira linha relativamente à resolução deste problema. « Este sistema irá proporcionar uma vantagem competitiva ao nosso Grupo, tanto ao nível do controlo interno das operações, como na visibilidade externa do serviço prestado aos clientes », referiu o responsável, assegurando que até Março de 2003 toda a frota de 1200 camiões com que operam terá este sistema instalado.